quinta-feira, novembro 01, 2007

Todos os Santos


Hoje celebramos a vida e obra de todos os Santos.

Rezamos para que zelem diariamente por nós e, em particular hoje, por todos os nossos que já partiram.

Embora seja apenas amanhã o dia de celebrarmos a vida dos que nos tocaram e amaram, que estariam provavelmente muito longe da santidade, é hoje que os lembramos, é hoje que os visitamos, dizemos um tímido e rápido 'Olá' para que a dor de os termos perdido não tenha tempo de aflorar nesse momento de reclusão de espírito, atraiçoando o nosso sentido de social, fazendo-nos rolar uma lágrima pela face.

Pois que se dane o social.

O sentimento de perda é atenuado pelo tempo, mas não completamente curado. O momento em que nos deparamos com quem perdemos é duro, é profundo, é altruísta, é vagaroso, perdido e suspenso no tempo que medeia o palpitar do nosso coração e a chegada desse batimento ao outro lado, lá longe, onde esse alguém também sente a nossa falta. Porquê negarmo-nos esse toque de humanidade? Porquê fingir que tudo está ultrapassado, que não precisamos de ninguém para seguir em frente?

Não só precisamos como, de vez em quando, a sua falta é tão intensa que sufoca, esse soluço entalado na garganta durante anos a fio, à espera de um momento de silêncio por entre a multidão, de pura intimidade com quem nos foi tão querido, e cuja vida deve ser celebrada e nunca esquecida, lembrada e não enterrada juntamente com os restos mortais.

Cada um de nós vem a este mundo com o propósito de aprender a ser Santo, a aproximar-se cada vez mais daquilo que será o rosto de Deus para os outros. Nestas alturas deviamos lembrar-nos com maior intensidade ainda de quão efémera é a vida para nos perdermos com mesquinhices, desperdiçando tempo precioso daquele que devia ser o nosso objectivo principal: fazer os outros felizes.

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