terça-feira, setembro 25, 2007

Preconceito


Recebi este mail e não resisto a colocá-lo aqui:

«Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, no alto do último degrau, colocaram um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, os cientistas lançavam um jacto de água fria sobre os que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancada.

«Passado algum tempo, mais nenhum macaco subia a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos. A primeira coisa que ele fez foi tentar subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que lhe bateram. Depois de algumas sovas, o novo integrante do grupo não subia mais a escada.

«Um segundo macaco foi substituído, e o mesmo aconteceu, tendo o primeiro participado, com entusiasmo, na sova do recém-chegado. Um terceiro macaco foi trocado, e repetiu-se o facto. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, embora nunca tivessem apanhado um banho gelado,continuavam a bater naquele que tentasse chegar ás bananas.

«Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam naquele que tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: 'Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui... '

«De vez em quando, devemos questionar-nos porque fazemos (ou não) alguma coisa.
" É MAIS FÁCIL DESINTEGRAR UM ÁTOMO DO QUE UM PRECONCEITO "
Albert Einstein

Os preconceitos são a cegueira do cérebro»
Somos todos diferentes. E depois? Não é na diferença que se cultiva a riqueza da sociedade?

sábado, setembro 22, 2007

O inexorável destino do Ser


Na vida, o que temos de mais certo é a morte. É, infelizmente, a única certeza que temos.

Mas, então, por que será que custa sempre tanto aceitar essa verdade inegável? E porque é que uma vida plena de riso e lágrimas e experiências não imaginadas se extingue com a facilidade de uma chama de uma vela, sem lugar a ser recordada senão vagamente pela geração imediatamente a seguir?

Ouvi uma vez um professor meu dizer que só existem 2 tipos de médicos: os que já perderam um doente e os que ainda irão perder um doente. Mas, às vezes, é como se a nossa dedicação pudesse salvar quem nos chega às mãos num estado já não 'salvável', como se o carinho, disponibilidade e atenção que dedicamos aos nossos doentes pudesse mudar o rumo traçado antes de os nossos caminhos se cruzarem...

Falo mais concretamente do sr J, um velhinho com Alzheimer, tão meigo e tão dócil, tão calmo e simpático, apesar de assolado por algo incontornavelmente fatal. Dedico-me a todos os meus doentes, mas é óbvio que há sempre pessoas que nos tocam mais que outras. O sr. J foi um deles. Era extraordinária a capacidade que ele tinha para ultrapassar a dificuldade de estar desorientado, dando respostas inteligentes e evasivas, quase como se tivesse consciência de que não sabia a resposta. Todos os dias eu lhe perguntava se ele sabia onde estava (faz parte da avaliação dos doentes) e as respostas dele variavam: "Sei. Estou aqui.", "Sei. Estou ao pé de si.", "Sei. estou no sítio de sempre". :o) E quando me agradecia as 'maldades' diárias, como tirar sangue ou fazer a auscultação, ou medir a tensão? Um homem que mal tinha fôlego para respirar quanto mais para suspirar aqueles 'Obrigado' com um olhar tão querido e sentido?

O que mais custa é tê-lo visto tão aflito, na agonia da hora da morte, sabendo que nada mais havia a fazer por ele, olhando para mim com aqueles olhos sofridos, pedindo-me ajuda porque não conseguia respirar. O sr J foi, para mim, muito mais do que um doente, como aliás são quase todos, embora reconheça que isso não é saudável para mim. Sofri e sofro a perda do sr J como se fosse da minha própria família, sabendo que lhe dei mais carinho que a dele, que em 20 dias só o visitou 1 vez... Sei que não é o primeiro doente que me chegará às mãos assim, muito menos o último, mas é por eles que passo horas intermináveis (muitas mais do que as que me são exigidas) naquele hospital. Ao mesmo tempo que sei que não é saudável, também sei que não gostaria que fosse de outra forma.

E ainda há pessoas que vêm com o cliché de que os médicos ganham muito e não fazem nada... Quando ouço alguém fazer comentários desses e penso no quanto suamos todos e no quanto damos de nós às pessoas que põem as suas vidas nas nossas mãos, e na sensação de impotência que nos invade em certas situações inevitáveis, só me apetece gritar!!!

sexta-feira, setembro 14, 2007

Dança Comigo


O bichinho da dança ou nasce connosco ou não nasce connosco.

Comigo nasceu definitivamente! Bem ou mal, é só ouvir os primeiros acordes que todo o meu corpo vibra e sente uma compulsão para se agitar, mexer, pular, embalar.

Até entrar para a faculdade, sempre estive na dança. 1º no ballet, depois na dança moderna, e por fim nas danças de salão. Há 8 anos que abandonei as aulas e as técnicas (se exceptuarmos o workshop de dança do ventre o ano passado), mas o bichinho continua cá. Alimentava-se da aparelhagem de fim-de-semana e passagens de ano, quando era solteira, e agora dos casamentos e da festa de Pessegueiro (obrigada, Bruno, pelo companheirismo ao som de Quim Barreiros!).

Mas sabia-me a pouco, a muito pouco...

Então decidi-me, finalmente e apesar de praticamente viver no hospital, e inscrevi-me em aulas de danças de salão no Círculo de Dança de Lisboa. Ontem, mais morta que viva, passei as arcadas do Teatro D. Luiz Filipe para a minha 1ª aula.

É indescritível a sensação de leveza com que de lá saí, apesar de serem 22h e a minha última refeição ter sido às 16h30 (o meu pseudo-almoço...)!!! Porque enquanto se fazem alongamentos ou se treinam os passos, a solo ou a pares, não se pensa em absolutamente mais nada a não ser nos músculos retesados ou na ondulação rítmica do corpo...não há médicos, nem doentes, nem chefes, nem preocupações...Somos nós e a música e a sensação que ela nos transmite e a energia reverberada de que se enche o nosso corpo e alma!

De volta!


Parece incrível mas já passaram quase 2 meses desde que, pela última vez, deixei aqui os meus pensamentos, escritos, desabafados, partilhados.

Desde já as minhas desculpas a quem tão carinhosamente comentou e só agora vê publicadas as suas opiniões...Confesso que não tem dado para mais. Confesso ainda que já tinha muitas saudades de escrever!

O certo é que os culpados são a Tailândia, o Algarve e o meu orientador que se certificou que eu regressasse a sério ao trabalho! lol

A viagem à Tailândia é a viagem de uma vida! Especialmente quando partilhada com as pessoas que mais amamos neste mundo...Inesquecível, inolvidável, incontornável!

Muito mais do que praia e sol, um país riquíssimo em floresta, história, monumentos, simpatia, limpeza, mas também em calor, humidade (sim, apanhámos 43ºC à sombra, com 85% de humidade!!!), guias malucos, peixe cru fermentado (blergh!!), ratazana assada e elefantes amorosos! Um país em que os ricos são mesmo ricos e os pobres são mesmo pobres, em que qualquer rua de uma qualquer cidade arruma a um canto qualquer das nossas em jardins e valorização do património, um país que venera a sua família real, um país submisso ao Budismo. Um país de massagens maravilhosas, Budas de esmeralda e de 6 toneladas de ouro maciço, tuk-tuks suicidas, trânsito caótico, wagon-lits que levam 14h a fazer 700km, tribos perdidas nos Himalaias que não escovam os dentes, mulheres-girafa e mercados flutuantes com hora de ponta.

Percorremos o país de lés-a-lés, desde Bangkok à fronteira com o Laos (onde também estivémos), do Rio Kwai ao Rio Mekong (sagrado para os budistas), da capital milenar à capital acual, e fizémo-lo de avião comercial, avião da 2ª Guerra Mundial, wagon-lit, comboio, barco, autocarro, piroga, elefante, tuk-tuk e jipe 4x4! Roubaram os ténis ao meu irmão, choveu dentro do comboio, atravessámos pontes de corda e tábua 30m acima do rio, levantávamo-nos todos os dias às 6h e só fazíamos 3 refeições por dia, mas foi espectacular!!!

Chegámos a casa 48h depois do último período de sono, tomámos banho e fizémos novamente a mala em 1h30 e partimos rumo ao Algarve para umas muito necessárias férias das férias! E viva o bronze e o 'dolce fare niente'!

Claro que desde que regressei ao trabalho, tenho entrado ao serviço todos os dias às 8h30 e saído às 17H30 SEM ALMOÇO!!! A vida é dura depois de ser mole, né? Mas vale tanto a pena!!!