Devoro livros!
Não estou a exagerar... neste ano de 2007, já li nada mais nada menos que 18 livros, muitos até de 600 páginas...
Um livro é dos melhores passatempos que se pode ter. É um bocadinho íntimo, talvez até solitário, um momento em que não existe mais nada no mundo senão nós, intrusados numa história que não é a nossa, num espaço que provavelmente também não é o nosso, em pura interacção com personagens que se nos entranham na imaginação, fazendo com que sejam perfeitamente imprescindíveis para nós, sejam boas ou más, gostemos delas ou detestemo-las.
O nosso imaginário é o que temos de mais criativo, de mais sublime e de mais nosso. É o que faz o mundo andar e girar. O que seríamos nós, humanos, sem uma viagem à Lua? E o que seria de nós sem o sonho de que isso um dia seria possível? O que seria de nós, presos à realidade sem uma escapatória para uma ilha encantada ou para as profundezas da Terra, ou a roubar pão em cima de um tapete mágico, ou a beber de cálices de ouro e rubis entre os mais poderosos da Terra?
A minha pena é que só seja bom enquanto dura. Como tudo na vida, de resto. Mas o que quero dizer é que só é maravilhoso enquanto permanecemos ávidos na expectativa do epílogo, pois assim que termina o livro fica aquela sensação agridoce de regresso à realidade.
Há livros que nos mudam para sempre. Mas nem mesmo esses, e essa é a minha verdadeira tristeza acerca dos livros, nem mesmo esses sobrevivem ao desgaste do tempo. Quando olhamos para eles ou nos tentamos lembrar do seu conteúdo, é inevitável que a história em si seja uma grande névoa da qual a única coisa concreta que temos é a sensação indelével que ela nos deixou no espírito para sempre. Já tentei fazer fichas de leitura mas não é o mesmo.
O que nos fica não são os pormenores da história, mas a tatuagem da história em nós...