quarta-feira, agosto 24, 2005

Fragilidade


Por que será que temos momentos ou dias em que nos sentimos tão vulneráveis, apesar de sabermos que somos pessoas fortes? Porque deixamos que situações e pessoas, que não controlamos, nos transformem, de um momento para o outro, em pequenos grãos de areia sequiosos que o mar os lave daquele momento indesejado?
Nesses momentos, a necessidade de que alguém nos salve também de nós mesmos, da insegurança recém-descoberta, da vulnerabilidade que nos assola, da tristeza que invade a alma, é avassaladora, mesmo que estes sentimentos durem apenas um milésimo de segundo e de novo consigamos sorrir às adversidades sem que ninguém sequer tenha sonhado que este momento nos dominou durante esse milésimo de segundo...
Mas para dominarmos este momento temos que o entender, que entrar em harmonia com ele; temos que o aceitar como parte da nossa realidade e permitirmo-nos a liberdade de o reduzir à sua insignificância tal como ele por um milésimo de segundo nos reduziu a nós. Quando não conseguimos integrá-lo e aceitá-lo verdadeiramente, ele torna-se recorrente, fragiliza-nos cada vez mais e tanto mais quanto mais o tentamos ignorar e esconder naquele canto da alma que raramente visitamos. A liberdade de espírito que sentimos é temporária, a fragilidade aumenta, e somos subjugados por esse momento todos os dias um milésimo de segundo a mais que no dia anterior...E assola-nos a sensação de que somos prisioneiros de nós mesmos, das nossas fragilidades e da nossa incapacidade de lidar com uma realidade que, por um acaso do destino e contra todas as expectativas, se tornou a nossa.
Quero muito libertar-me das minhas fragilidades, aceitá-las como minhas e seguir em frente. Não são muitas e nem sequer dignas de tal nome mas o espírito humano é muito curioso e quando finalmente julgo ter tomado a atitude mais catártica descubro apenas que tenho que tentar outra vez e de forma diferente.
O que é mais extraordinário é que esta batalha connosco mesmos para aceitar essas fragilidades nos torna pessoas indubitavelmente mais fortes, porque não nos resignamos ao sofrimento que nos trazem, mas tentamos sempre aprender e crescer com elas até que elas nada mais tenham para nos ensinar e as tenhamos finalmente aceitado e dominado...

3 comentários:

Anónimo disse...

Sempre ouvi dizer que aquilo que não nos mata só nos torna mais fortes. E no fundo... se soubermos crescer e como dizes interiorizar e harmonizar o que nos rodeia tudo se torna mais fácil. Porém, acho que existem mesmo certas e determinadas situações em que aquilo a fazer é dar um grito e tirar tudo para fora e avançar de uma vez só, com tudo o que temos para o "abismo", o desconhecido e a "desarmonia", esses momentos de catarse ajudam a limar, como uma desintoxicação. (É sempre complicado interpretar os textos de outros, não estamos nas suas cabeças, apenas lemos o que nos é transmitido.)

Anónimo disse...

Embora seja complicado interpretar o móbil de cada um, conseguiste faze-lo perfeitamente, e acredito até que avançar da forma que descreveste para esse abismo possa ser um meio para finalmente integrar e aceitar a situação. Ainda não experimentei esse método :) mas dá-se dares de muito libertador! Obrigada por um bocadinho de sol...

Anónimo disse...

Ora essa! Já fico muito feliz e sinto que ganhei o dia por alguém achar que lhe trouxe um bocadinho de sol! Ainda assim, não esqueças nunca que o maior sol está sp dentro de nós, no nosso coração.