Em qualquer fase da nossa vida, em qualquer episódio ou período de tempo, qualquer Ser Humano tem os seus 'irmãos de armas'. Não temos que estar em guerra para termos um momento particularmente difícil ou particularmente feliz que partilhamos com quem está ao nosso lado, passando pelo mesmo.
Os nossos amigos e conhecidos de faculdade são nossos irmãos de armas nessa altura da nossa vida, sofrem ao mesmo tempo que nós, divertem-se ao mesmo tempo que nós e nada seria igual se eles não estivessem lá com as piadas para descomprimir um momento de stress, ou relaxados a dançar connosco ou stressados do outro lado do telefone em véspera de exames. Cada período desse tempo é mágico porque eles estão lá. Regressar agora não teria esse encanto que teve porque eles já não estão lá, já estamos mais maduros, já não somos aquelas pessoas que conseguem enfiar 11 numa casa para 4 e somos alguém diferente porque entretanto a vida se encarregou de nos transformar.
Os 6 desconhecidos que se enfiam num avião e passam 2 meses longe de todos os que conhecem e amam são irmãos de armas, têm as mesmas saudades que nós temos, espantam-se com o admirável mundo novo que se lhes apresenta como nós, partilha connosco risos, preocupações sonhos e projectos, pedacinhos da história que está para trás, canções que puxam pela lagrimita ou nos enchem de coragem para conquistar o mundo, maluqueiras com as pessoas mais inusitadas nos locais mais inóspitos! Voltar agora a esse local sem essas pessoas não teria o mesmo sabor nem o memso encanto.
As pessoas com quem fazemos o trajecto mais difícil da nossa carreira (o início!) são nossos irmãos de armas, sentem as mesmas dificuldades, revoltam-se pelos abusos de poder como nós, choram connosco de tristeza por uma frustração ou de felicidade por um objectivo alcançado, partilham muitas horas connosco de puro trabalho e cansaço, riem connosco das pequenas 'vinganças do proletariado'. São esses momentos e essas pessoas que assistem à nossa transformação em alguém autónomo e maduro, que nos estimulam a crescer num mundo aguerrido. Não há como voltar a esses momentos porque essas pessoas já avançaram como nós, já não são aquelas pessoas embora tenham crescido connosco também.
São as pessoas que cruzam o nosso caminho que produzem o encanto das recordações que acarinhamos em momentos mais ou menos nostálgicos. Boas ou más, o que seríamos nós sem elas?
A todos os meus irmãos de armas, com quem partilhei momentos tão felizes e tão difíceis, um grande abraço de saudades, com a certeza de que são carinhosamente recordados nos tais momentos nostálgicos como alguém de suma importância na minha vida. Muitos deles não imaginam nem sonham a importância que a sua presença ou um ou outro gesto teve na minha vida, por muito que tente expressá-lo.
Por isso, a todos os Joões, Florindas, Ineses, Catarinas, Pedros, Marias Jõoes, Jorges, Aparecidas, Carinas, Hugos, Susanas, Carlos e tantos outros que não consigo enunciar que cruzaram o meu caminho, um grande beijinho!!!
"Os amigos não se fazem, reconhecem-se"
Vinicius de Moraes